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Febre amarela urbana e silvestre: qual a diferença?


Por Coluna NilCultura

A febre amarela é largamente conhecida por todos nós, brasileiros. Sabemos que é causada por um vírus, inoculado em nosso corpo pela picada de um mosquito. Sabemos que tem uma vacina bastante eficaz e sabemos também que pode ser uma doença mortal. Sabemos bastante.

Mas só isso não é suficiente saber. Por que? Porque de tempos em tempos a febre amarela volta a nos assombrar com notícias de reincidência e mortes. É o que está acontecendo agora em algumas regiões do Brasil, principalmente na região de Minas Gerais, onde até o final da última semana havia 133 casos suspeitos e 38 óbitos. Precisamos saber um pouco mais. Vamos às principais dúvidas:
Fala-se em febre amarela urbana e silvestre: é a mesma doença ou são vírus diferentes? Por que diz-se que o surto atual é de febre amarela silvestre?
O vírus que causa a febre amarela urbana ou a silvestre é exatamente o mesmo. Isso significa que os sinais, sintomas e evolução da doença são exatamente os mesmos. Tudo igual. Qual é a diferença, então? A diferença está “apenas” nos mosquitos transmissores e na forma de contagio. A febre amarela silvestre é transmitida por mosquitos (Haemagogus e o Sabethes) que vivem nas matas e na beira dos rios. Estes mosquitos picaram macacos contaminados e depois picaram pessoas que adoeceram. Por isso há relato de mortes de macacos nas regiões acometidas. A febre amarela urbana não existe no Brasil desde 1942 e é transmitida  quando um mosquito urbano, o Aedes aegypti, pica uma pessoa doente e depois pica outra pessoa susceptível, transmitindo a doença. Exatamente como acontece com a dengue, zika e chikungunya.

O Aedes aegypti é transmissor da febre amarela?
SIM. Por isso é que devemos evitar que o vírus se espalhe, vacinando todas as pessoas das regiões acometidas. Se uma pessoa que frequentou a região de matas for contaminada, vier para região urbana e for picada pelo Aedes, pode reiniciar o ciclo urbano da febre amarela. Por isso é importante conter o surto. Felizmente temos uma vacina bastante eficaz para isso.

Quem pode tomar a vacina?
A vacina da febre amarela está indicada para crianças com mais de 9 meses e adultos com menos de 60 anos. Bebês de 9 meses podem tomar a primeira dose e um reforço  aos 4 anos de idade. Para os adultos, 2 doses, com intervalo de 10 anos, são suficientes para imunizar. Não é necessário repetir a vacina a cada 10 anos. As pessoas com mais de 60 anos podem receber a vacina, desde que indicada pelo médico.

Gestantes podem ser vacinadas? E os bebês com menos de 9 meses?
A vacina não é rotineiramente indicada para as gestantes. No entanto, cada futura mamãe merece uma avaliação individual e o médico pode avaliar o risco e o benefício para cada situação. Em bebês com menos de 6 meses a vacina é contraindicada. Para os que têm de 6 a 9 meses, a vacina pode ser dada desde que indicada pelo médico. Em épocas de surtos, em geral recomenda-se vacinar os bebês acima de 6 meses.

E quem não sabe ou não lembra se tomou a vacina? Pode tomar de novo?
Pode sim, desde que esteja no grupo recomendado e desde que não tenha nenhuma contraindicação para esta vacina.

Quais são as contraindicações para a vacina? Quem não deve ou não pode tomá-la?
As contraindicações mais importantes são alergia à proteína do ovo, bebês com menos de 6 meses ou pacientes portadores de doenças que cursam com imunodepressão ou que façam tratamentos que levem à imunossupressão. Nestas duas últimas situações, pode haver algumas exceções definidas e orientadas pelo médico que assiste cada paciente.

Por que esta febre se chama “amarela”?
Porque um dos sinais de gravidade da doença  é a icterícia, que deixa os olhos e a pele das pessoas com um tom mais amarelado. Os sintomas iniciais são como os de uma gripe mais forte, com febre, dores pelo corpo, dor de cabeça, mal estar, enjoo e vômitos. Depois de uns 2, 3 dias as pessoas podem melhorar ou evoluir para as formas mais graves, com acometimento do fígado e dos rins. Aí aparece a icterícia e sinais de hemorragia como sangramentos de mucosas. Felizmente as formas mais graves são mais raras e a maioria dos pacientes evolui para a cura. Quem teve a doença fica imune para o resto da vida.

Existe tratamento específico para a febre amarela?
Não. O tratamento é o de suporte, isto é, alívio dos sintomas.

Os mosquitos podem nos tirar o sono não apenas com o zumbido noturno que fazem nos nossos ouvidos. Faça sua parte e não deixe  locais que possam servir de criadouros perto de você. É como abrir a porta para o inimigo entrar.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/